Um estudo publicado no conceituado American Journal of Cardiology,
dos Estados Unidos (EUA), mostrou que o convívio com animais ajuda a
controlar o estresse, diminui a pressão arterial e reduz o risco de
problemas cardiovasculares. Pesquisas médicas realizadas na Austrália,
por sua vez, concluíram que os donos de bichos fazem consultas com menor
frequência a clínicos gerais e requerem menos medicação do que as
outras pessoas. Não acabou, não: são incontáveis os trabalhos
científicos que apontam o quanto a interação do homem com o animal é
capaz de reduzir problemas como depressão, ansiedade e solidão.
Agora tente relacionar esses dados com a realidade dos idosos no
Brasil. Não são poucos os indivíduos que chegam à terceira idade sem uma
atividade que os mantenha ocupados
e, pior, sem um acolhimento familiar
que lhes garanta o mínimo de atenção, cuidado e afeto. "Vivemos em uma
sociedade que está envelhecendo e, mais que isso, por força das
circunstâncias, as famílias são menores e há uma rejeição ao idoso. Seus
contatos sociais se reduzem, ele vive, muitas vezes, isolado e acaba se
sentindo inútil perante o mundo.
O animal de estimação vem suprir essas carências, trazer novas
responsabilidades e facilitar a comunicação com as pessoas", observa a
médica veterinária Hannelore Fuchs (SP), mestre e doutora em psicologia,
especialista em comportamento animal e zooterapia. A psicóloga e
psicanalista formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), do Rio
de Janeiro, Sara Gradel, concorda. Para ela, a grande e mais importante
função do pet é estabelecer uma relação afetiva. "O bicho passa a
substituir uma companhia, como a presença de um filho."
RELAÇÃO DE
AMIZADE COM OS
MASCOTES PRODUZ
EFEITOS TERAPÊUTICOS
APÓS OS 60 ANOS.
MAS ELA TEM LIMITES
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Ganhos para a saúde
Vários benefícios para o bem-estar físico e mental já foram
comprovados, como diminuição da pressão sanguínea e da frequência
cardíaca, melhora do sistema imunológico, da capacidade motora e da
autoestima, incremento da interação social e, por fim, até uma ação
calmante e antidepressiva. Muitas vezes, a simples presença do animal
estimula processos cognitivos, ajuda a relembrar fatos do passado, dá
força para enfrentar tratamentos dolorosos e desconfortáveis e favorece a
recuperação física. "Todas as doenças de origem psíquica e as
decorrentes do processo de envelhecimento podem ser atenuadas - como o
mal de Alzheimer, outros tipos de demência senil, depressão e artrite",
explica a veterinária Hannelore.
Vale observar que adotar um bicho de estimação que exija
dedicação diária mexe com a rotina - o que só traz vantagens para os
idosos. Os cuidados necessários demandam um mínimo de exercício físico -
e, no caso dos donos de cães, umas boas caminhadas diárias. A cabeça
igualmente sai ganhando. "Pesquisadores da África do Sul comprovaram que
o convívio com animais ativa a liberação de diferentes hormônios e
neurotransmissores - como endorfina, dopamina, prolactina e oxitocina -,
razão pela qual auxilia na diminuição do estresse", explica Vinicius
Fava Ribeiro, fisioterapeuta da Organização Brasileira de Interação
Homem-Animal Cão Coração (Obihacc) e da Terapia Assistida por Cães
(TAC). Outro estudo desenvolvido pelo Journal of the American
Association of Human-Animal Bond Veterinarian (EUA) mostra que a
interação entre humanos e cães detona em ambos alterações hormonais que
afetam o nível de endorfinas e outras substâncias pelo período de 15
minutos. A liberação desses componentes diminui a ação do cortisol, o
hormônio do estresse, provocando sensações de bem-estar.
Segundo Sara Gradel, quando o idoso é acometido por doenças
cerebrais em que há destruição de células - como no derrame - o animal
pode funcionar como um grande estímulo para amenizar as sequelas e
acelerar a recuperação da fala e dos movimentos, por exemplo.
POR ROSANA FARIA DE FREITAS
Daqui: Revista Vivasaúde