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Apresentação:

Este blog é dedicado aos atuais e futuros idosos para que tenham uma vida mais feliz e menos complicada.
Minha mãe, Leda Rosin, escreveu textos e poemas com o objetivo de lançar um livro para ajudar o Asilo Padre Cacique de Porto Alegre, RS, mas não conseguiu patrocínio.
Criei este blog como homenagem para que seu trabalho não fique esquecido numa gaveta e para que ela se sinta feliz.
Este é um blog para todas as idades!



Esta turma respeita os idosos!

domingo, 31 de outubro de 2010

O que é a velhice?


A mãe conta que seu filho pequeno - com a curiosidade de quem ouviu uma nova palavra mas ainda não entendeu seu significado - perguntou-lhe:

- "Mamãe, o que é a velhice?"

Na fração de segundo antes da resposta, a mãe fez uma verdadeira viagem ao passado. Lembrou-se dos momentos de luta, das dificuldades, das decepções. Sentiu todo peso da idade e da responsabilidade em seus ombros. Tornou a olhar para o filho que, sorrindo, aguardava uma resposta, e disse-lhe:

"Olhe para meu rosto, filho", disse ela. "Isso é a velhice".

E imaginou o garoto vendo as rugas, e a tristeza em seus olhos. Qual não foi sua surpresa quando, depois de alguns instantes, o menino respondeu:

- "Mamãe! Como a velhice é bonita!"
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Autoria desconhecida

sábado, 23 de outubro de 2010

Antienvelhecimento e Longevidade

Os quatro estágios do envelhecimento

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o envelhecimento em quatro estágios:

• Meia-idade: 45 a 59 anos;


• Idoso (a): 60 a 74 anos;


• Ancião: 75 a 90 anos;


• Velhice extrema: 90 anos em diante.


IMPORTANTE

Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.
As informações disponíveis no site da Dra. Shirley de Campos possuem apenas caráter educativo.

Publicado por: Dra. Shirley de Campos

terça-feira, 19 de outubro de 2010

A velhice segundo uma septuagenária


LEDA DE ALMEIDA REZENDE EBNER

de Ribeirão Preto, SP



De repente ou quase, sentimos dificuldade e dor ao prender a presilha do sapato, ao agachar para pegar algo do armário debaixo da pia, em ficar numa perna só, durante o banho, para lavar o pé; felizes, vamos pegar nos braços a netinha temporona que veio alegrar uma família numa volta a um passado não muito distante e, após alguns minutos os braços e as pernas não agüentam e, constrangidos, temos de devolvê- la à mãe, a quem embalamos…

De repente, não mais que de repente, conscientizamo-nos de que estamos velhos e um tanto assustados, pensamos: a velhice chegou!

Paramos, pensamos em tudo que vivemos e fizemos, nas experiências diversas e diferentes, umas boas, outras não tanto, mas o que mais chama a nossa atenção é lembrarmo-nos de como éramos e como estamos agora.

Fisicamente, a diferença é gritante, quase sempre nem nos reconhecemos. Todavia, devido a essa maravilhosa invenção do espelho, essa percepção do envelhecimento não acontece de repente, ela vai acontecendo, lentamente, na medida do seu processamento.

O não poder mais fazer as mesmas coisas que se fazia, não aos vinte anos, mas aos cinqüenta ou mesmo aos sessenta nos surpreende e, muitas vezes nos assusta muito mais.

O que causa muita surpresa, na constatação dessa fase, é a percepção de que se continua sendo a mesma pessoa, com os mesmos ideais, os mesmos sentimentos, a mesma estrutura mental, plena de sonhos para o presente e para o futuro, vários não mais possíveis.

E eis aí a primeira vantagem da velhice de uma pessoa espiritualizada: perceber-se envelhecida por fora, mas sentir-se a mesma de sempre. Saber que se pode continuar otimista em relação ao futuro, na certeza de que a vida é eterna, não termina nunca. As realizações sonhadas serão realizadas mais tarde, em outro plano ou em outro corpo. Continua - se sempre aprendendo, porque viver é um aprendizado constante, aqui ou além.

É verdade que nos esquecemos, mais facilmente, das coisas mais recentes; a percepção de tempo e de espaço estão um tanto alterados: quantas e quantas vezes não sabemos se tomamos o remédio da manhã, embora nos lembremos de tê-lo tomado, só que essa lembrança é do ato de ontem e não do de hoje. Parece confuso e o é para o velho também. Quantas e quantas vezes não nos lembramos quem é a pessoa com a qual estamos conversando, ou sabemos quem é, mas não nos lembramos do seu nome ou do nome de sua mulher ou do seu marido, de quem queremos notícias e gostaríamos de mandar-lhe um abraço…

Essas e outras situações tão ou mais difíceis para o idoso não são todavia, catastróficas, são facilmente assimiladas se forem consideradas naturais na fase vivida, necessitando talvez, apenas de mais atenção, de maior uso do pensar raciocinado para amenizá-las, mas não evitá-las. “O que não tem remédio, remediado está”, diz o ditado popular.

Duas conseqüências podem se dar: rir das próprias atrapalhações ou chorar por causa delas. Rir é sempre o melhor, descontrai, miniminiza os efeitos, supostamente desagradáveis, e dilata a capacidade de compreensão e aceitação das dificuldades presentes.

Vemos aqui então, duas boas vantagens da velhice: a oportunidade do bom humor que as atrapalhadas naturais proporcionam - rir de si próprio é uma prova de amor a si mesmo - e a oportunidade de aceitação das coisas que não se pode evitar, embora se deva continuar tentando diminuir sua freqüência, exercitando mais a atenção, a observação, agilizando o raciocínio, enfim, continuando a desenvolver qualidades próprias do espírito e não do corpo .

Dar às situações o valor que elas têm, sem exagerar os efeitos, e continuar tentando fazer o melhor são duas coisas preciosas que talvez o idoso, pela sua experiência de vida, forçado pelas limitações do corpo envelhecido, tem mais possibilidade de compreender e fazer.

Outra coisa preciosa que a velhice traz é tempo. É verdade que agora a pessoa o usa com muito mais lentidão: faz o que pode, muito mais devagar, todavia, tem muito mais tempo para fazer coisas úteis e necessárias que antes não tinha, como procurar conhecer-se, recordando experiências passadas, suas reações a elas, percebendo que algumas dessas seriam novamente repetidas, outras não, constatando assim, o quanto transformou-se nesse período. Fazer isso com o objetivo de conhecer-se, de perceber o quanto aprendeu nesta vida, sem recriminações; ao contrário, perceber o progresso realizado, mesmo que pouco, constatando que naquele tempo não tinha o desenvolvimento espiritual que tem hoje, é sempre motivo de grande satisfação!

Uma verdade se impõe nestas considerações que fazemos: a eternidade de nossas vidas, de nós próprios, evoluindo sempre. Ao materialista, estes raciocínios não têm valor.

Pode o velho realizar outras coisas que não fazia por falta de tempo ou de oportunidade: ouvir mais música, ler mais do que gostar: jornal, revista, livro; interessar-se pela vida dos outros adultos, crianças e jovens netos, acompanhando seus aprendizados, não fechar-se nos seus pensamentos, isolando-se dos demais. Não pensar que os familiares não se importam com ele, mas procurar interessar-se por eles, demonstrando sua afeição, que mesmo em um ambiente, supostamente ou não hostil, sentimento bom atrai sentimento bom. Não se julgar melhor do que eles, mas pensar que tudo de bom que temos ou somos, todos os outros também têm ou são, ou podem ter ou ser..

Em geral o idoso, à medida que vai percebendo suas limitações físicas vai desistindo de fazer determinadas coisas, sem maiores reflexões. Desde que a pessoa começa a sentir-se fazendo determinada coisa, com mais dificuldade, não deve desistir dela. Enquanto puder fazê-la, mesmo que com menos eficiência ou levando mais tempo, continuar fazendo, desde que não seja prejudicial a outros. Muitas atividades têm de ser abandonadas, mas muitas poderão ser continuadas, e outras mais poderão ser iniciadas.

Se somos pessoas espiritualistas, sabemos que quem pensa, quem estuda, quem aprende é o Espírito e este, mesmo com um instrumento envelhecido, tem a possibilidade de aprender coisas novas. A própria ciência afirma hoje a possibilidade de formação de novas ligações entre os neurônios nos cérebros humanos.

Se a velhice é um tempo de demonstrar o que se aprendeu nesta existência, é também um tempo de continuar aprendendo, visto que, espiritualmente falando, somos Espíritos jovens, num processo de contínuo aprendizado, independente do estado do corpo físico.

Reconhecer e aceitar os próprios limites, levam-nos a ser mais tolerantes com as dificuldades alheias, tornando-nos melhores pessoas.

Atrevo-me a dizer que um corpo envelhecido proporciona ao Espírito encarnado oportunidades de experiências novas, de aprendizados outros, mais difíceis num corpo pleno de energia vital, com mil e uma atividades, tais como ceder a vez, renunciar em favor de, ser amável, compreensivo, afetuoso, poder aconselhar quando solicitado, percebendo o prazer de estar colaborando para um ambiente melhor.

O importante é considerar-se sempre um Espírito imortal, com infinitas potencialidades e infinitas possibilidades, seja qual for a idade que se tenha.

O homem que tem a consciência de que deve viver no caminho dos deveres e que no decorrer da sua vida, tem por meta principal esse cumprimento, chega à velhice e se surpreende com a sensação de liberdade que existe nele. Sente-se livre para fazer o que quer e percebe que as coisas que lhe são impedidas pelas deficiências físicas, não lhe fazem falta, visto estar então, fazendo, com muita alegria, outras coisas. Sente-se livre de obrigações, uma vez que a velhice seria um aceitável fator de impedimento de determinadas atividades, impedimento este que ele não usa, porque sente prazer em fazer o que faz, sem sentir-se obrigado pelo dever de ou pelo dever para com.

São tantas as vantagens da velhice, superando em muito as desvantagens, que… só experimentando-a pode-se descobri-las.
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Fonte:
http://esquinas.terra.com.br/userp_backup/jornal/vl196/ebner.htm

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Capoterapia ajuda idosos a se movimentar melhor:

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Terapia corporal usa movimentos da capoeira. Praticantes aprendem a viver com mais qualidade de vida.

Força e agilidade. Para se jogar capoeira, é preciso ter preparo. A impressão que se tem Mas um grupo de Taguatinga, cidade satélite de Brasília, é a prova de que é possível praticar capoeira mesmo depois dos 60.

Foi Mestre Gilvan de Andrade quem criou a chamada capoterapia, uma terapia corporal através dos movimentos da capoeira e que pode ser praticada por pessoas de todas as idades. A ideia foi adotada pelos centros de saúde do Distrito Federal e se espalhou pelo Brasil.

Mais do que uma atividade física, uma aula de ginástica, a capoterapia é um lugar para convivência, amizade, carinho, alegria. Um lugar onde as pessoas aprendem a viver melhor.

"Eu tinha problema de depressão, vivia sempre nervosa, chateada, angustiada. Hoje não", conta dona Eulália Serra, de 62 anos.

"Eu sentia muitas dores e tomava comprimidos. Aqui não", acrescenta dona Maria Silvia de Sales, de 63 anos.

"Eu não aguentava fazer nada, ficava só sentada ou deitada", lembra Cecilia Anacleta Perdigão, de 74 anos.

"Eu não abaixava do jeito que eu abaixo hoje", comemora dona Maria Edinar Modesto, de 83 anos.

O trabalho de Mestre Gilvan com os idosos despertou a curiosidade da Faculdade de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde. A pesquisa está só começando, mas eles querem avaliar quais são de fato os efeitos da capoterapia.

"Vemos idosos que tomavam de R$ 600 a R$ 700 em remédios e hoje não tomam nada ou apenas alguns", conta Mestre Gilvan.

"Os idosos vão perdendo massa muscular, e todo o sistema ósseo e muscular vai enfraquecendo. A atividade física promove bem-estar", diz a médica Maria do Carmo Sorci Dias.

A equipe do Globo Repórter foi conferir alguns resultados. Dona Noêmia esqueceu a artrose e aos 70 anos parece uma jovem. Dona Cecília, de 74 , sofreu um AVC e precisava de ajuda até para caminhar. Agora faz tudo sozinha. A maior surpresa foi dona Diná: com 83 anos, ela tem uma disposição de criança. Energia que, para ela, vem dos exercícios que começou a fazer há dez anos.

"Ela era uma pessoa muito nervosa, já amanhecia o dia xingando, irritada com tudo. Depois que começou a praticar atividades físicas, ela mudou totalmente. Hoje ela é uma pessoa de bem com a vida. Ela é feliz demais", conta Aparecida Modesto, filha de dona Diná.

"Juntando as cinco filhas, nós não temos a metade da disposição que ela tem", completa Ivone Modesto Souza, filha de dona Diná.

Hoje dona Diná esqueceu as dores. É um sobe-e-desce de escadas, um vai-e-vem. Ela arruma a casa, molha as plantas, varre a calçada.

"Nós que já temos idade temos que fazer exercício, caminhar, trabalhar, não parar", diz dona Diná.

E o que ela ainda mais gosta de fazer é cozinhar. Na hora de fazer o bolo, se abaixa com facilidade. Bota os ingredientes – leite, ovo, farinha, polvilho – e se abaixa de novo.

"O segredo é não ficar à toa", aconselha dona Diná.

E dona Diná não fica mesmo. Logo cedo, ela veste a roupa da ginástica e vai para a capoterapia.

"Eu renovei, porque estava uma velha rabugenta", conta dona Cecília.

"Só vou largar quando morrer. Peço a Nossa Senhora Aparecida para viver muitos anos ainda", revela dona Maria.
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Fonte:
http://g1.globo.com/globoreporter/0,,MUL1072888-16619,00-CAPOTERAPIA+AJUDA+IDOSOS+A+SE+MOVIMENTAR+MELHOR.html

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Como enfrentar a terceira idade com alegria

ImageChef Sketchpad - ImageChef.com

 O grande sonho de todas as pessoas em qualquer lugar no mundo inteiro é chegar à terceira idade, para muitas delas esse receio de chegar nessa idade é causado pelo medo de começar a esquecer as principais coisas da vida como, nome, onde mora, os nomes dos seus filhos entre outras informações bastante importantes. Por isso, muitos chegam até mesmo entrar em estado de depressão.
Tenha muita calma já que chegar a terceira idade não é um problema, pois existem pessoas que conseguiram lidar com esse tipo de situação e deram à volta por cima e hoje são grandes exemplos para os mais jovens. A melhor forma de enfrentar essa idade é encarando-a como sendo uma nova etapa na sua vida, faça bastantes exercícios físicos, caminhar pode ser uma boa pedida.
Não se esqueça de ter uma boa alimentação, já que é fundamental para que não tenha nenhum tipo de problema como, falta de memória. Se tiver pressão alta ou diabetes deve tomar os remédios de forma regular. Procure sempre estar perto de pessoas que amam você já que pode fazer um bem muito grande para o seu coração, evitando até mesmo que entre em estado de depressão.
Nunca tenha o pensamento de que, por ser velho não vai ter utilidade nenhuma na casa e que talvez atrapalhe os outros com a sua presença, mesmo os mais idosos têm procurado alguma coisa para fazer que ocupe o seu tempo, cursinhos ou até mesmo arranjar outro emprego tem feito com que eles se sintam um pouco mais úteis na sociedade.
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Fonte:
http://artigosgratis.net/como-enfrentar-a-terceira-idade-com-alegria/

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Receita caseira: cerveja branca dupla


Convite de Cerveja

Há muito tempo atrás, eu costumava fazer cerveja em casa. Já postei aqui a receita de licor de rosas. Hoje em dia, não bebo nada de álcool: por causa dos remédios e por que não gosto mais.
Minha cervejinha caseira fez muito sucesso na família. Procurei nas minhas anotações antigas e encontrei as receitas. Repasso pra quem gosta de cerveja.

Ingredientes:
cevada cervejeira.....................600 gramas
lúpulo........................................40 gramas
açúcar refinado.....................1.500 gramas
quilaya - cascas...........................4 casquinhas
genciana......................................3 casquinhas
sal de cozinha............................20 gramas
fermento Fleischmann................10 grânulos

Modo de preparar:
Ferver durante 45 minutos numa panela grande a cevada, o lúpulo, a quilaya e a genciana. Retirar do fogo e coar através de um pano para dentro de um recepiente e adiciona-se o açúcar até ficar completamente dissolvido. Ferver a quantidade de água que faltar para completar o recepiente de aproximadamente 20 litros. Adicionando-se após o fermento dissolvido em um pouco de água e o sal.
NOTA:
Antes de ser engarrafado, o produto deverá ficar em descanso pelo espaço de 3 dias.
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Um abraço a todos!
Leda Rosin

domingo, 3 de outubro de 2010

O Amor da Velhice*



RUBEM ALVES

O amor dos dois surgira no tempo em que ele é mais puro: a adolescência. Riam, passeavam pela praça, comiam pipoca, e faziam planos para quando se casassem.

Naquele tempo, antes dos progressos da ciência, grassava uma praga mortífera chamada tuberculose que atacava os pulmões. Para ela não havia remédio a não ser comida, repouso e ar puro. O resto era o próprio corpo que tinha de curar-se. Pois ela, a tuberculose, invejosa da felicidade dos dois jovens, alojou-se nos pulmões do moço. Ele teve de deixar a sua cidade e a sua namorada em busca de ar puro, no alto das montanhas, um sanatório, tal como Thomas Mann descreveu em seu livro A montanha mágica.
Quem ia para tais lugares de cura despedia-se com um “adeus” e um olhar de “nunca mais”. Na melhor das hipóteses muitos anos haveriam de passar.

E aconteceu com a jovem o que seus pais sugeriram: ela se casou. E ele também se casou. E por mais de 50 anos não se viram. Quando ele tinha 76 anos, ficou viúvo. Quando ela tinha 76 anos e ele 79, ela ficou viúva. E ficou sabendo que ele, o amor da sua juventude estava vivo. A curiosidade e a saudade foram fortes demais. Ela não resistiu. Foi à sua procura. Encontraram-se. E, de repente, eram de novo namorados adolescentes apaixonados. Resolveram casar-se. Os filhos protestaram. Os filhos, todos os filhos, não suportam a ideia de que os velhos também amem. Especialmente se forem seus os pais...

Mas os dois velhos, já no fim da vida, sabendo que o tempo de amor que lhes restava era curto, não deram ouvidos aos filhos: casaram-se e mudaram-se para uma cidade do interior.

Viveram um ano de amor intenso que provocou metamorfoses: ele se descobriu poeta, começou a escrever poesia. Além disso tirou seu violino de cima do guarda-roupas e passou a fazer parte de uma orquestra da cidade. Confessou a um sobrinho: “Se Deus me der dois anos de vida com esta mulher, minha vida terá valido a pena...”. Bem que Deus se esforçou. Mas o corpo já estava cansado. Morreu de amor. Eu achei essa história tão comovente que a transformei num texto.

Passaram-se semanas da sua publicação. Eram dez horas da noite. Eu trabalhava no meu escritório. O telefone tocou. Voz aveludada de mulher do outro lado.

- É o professor Rubem Alves?
- Sim, respondi.
- Quero agradecer a belíssima crônica que o senhor escreveu com o título “... e os velhos se apaixonarão de novo”. O senhor já deve ter adivinhado quem está falando...
- Não, não adivinhei, respondi. Aí ela se revelou:
- Sou a viúva.
Foi o início de uma deliciosa conversa em que ela contou detalhes que eu desconhecia. O medo que ela teve quando ele resolveu mandar consertar o violino! Ela temia que os seus dedos já estivessem duros demais...

Ah! Que metáfora fascinante para um psicanalista sensível. Sim, sim! Nem os violinos ficam velhos demais, nem os dedos ficam impotentes para produzir música! E aí foi contando, contando, revivendo, sorrindo, chorando – tanta alegria, tanta saudade, uma eternidade inteira num grão de areia... Ao terminar, ela fez esta confissão comovedora:

- Pois é, professor. Na idade da gente, a gente não mexe muito, as coisas de sexo. Nós vivíamos de ternura!

O que me fez lembrar a observação de Kundera sobre a necessidade “de salvar o amor da tolice da sexualidade”. A sexualidade pertence à ordem da Biologia, o que nos aproxima dos animais. Mas o amor pertence à ordem da poesia. Abelardo e Heloísa se amaram até a morte.

* Texto publicado na revista Ciência e Vida Psique. Ano V n 52-

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