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Apresentação:

Este blog é dedicado aos atuais e futuros idosos para que tenham uma vida mais feliz e menos complicada.
Minha mãe, Leda Rosin, escreveu textos e poemas com o objetivo de lançar um livro para ajudar o Asilo Padre Cacique de Porto Alegre, RS, mas não conseguiu patrocínio.
Criei este blog como homenagem para que seu trabalho não fique esquecido numa gaveta e para que ela se sinta feliz.
Este é um blog para todas as idades!



Esta turma respeita os idosos!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Dieta Espiritual


Ergue-te cedo e bendize
O sol da renovação.
Começa o labor do dia
No convívio da oração.

Trabalha espontaneamente
No que te cabe fazer.
Espalha o serviço, em torno
Além do próprio dever

À frente de quem precise
Não transites de relance
Socorre, quanto puderes,
Toda aflição que te alcance.

Cultiva a intenção correta,
Estende o braço cortês,
Escuta com vigilância,
E fala com sensatez...

Esquece a própria pessoa,
Mas, ante o bem coletivo,
Ampara a causa de todos
Na compaixão de olha vivo.

Atende aos tratos da vida,
Na obrigação sem atraso
Defende a própria saúde,
Comendo no prato raso.

Bebe água limpa da fonte,
Coloca o banho em rotina,
Repousa durante a noite,
No estudo e na disciplina.

Se a mágoa chega e te fere,
Exerce a bondade e vence-a.
Todo conflito reclama
Firmeza na paciência.

Resguarda a paz em ti mesmo
E, em todo mal imprevisto,
Recorre ao receituário
Do médico Jesus-Cristo.

CASIMIRO CUNHA




quinta-feira, 1 de novembro de 2012

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Pra refletir... e muito!!!



IDOSOS: SÃO "UM SACO"?

Nossa sociedade pregou na blusa ou no suéter dos idosos uma etiqueta: "fora de moda, inútil, não serve pra nada".


Por que não protestam? Acaso não merecem um mínimo de gratidão e consideração da nossa parte?



Sem dúvida, a juventude deles ficou muito longe no passado, e já não têm forças para organizarem uma greve ou um golpe de estado. Vêem-se obrigados a se resignar e aguentar, pois não passam de anciãos. Que premiozinho, esta palavra!

Se você ler "La Celestina", uma pequena obra espanhola do século XV, vai tropeçar em frases que ao falar sobre a velhice se alternam com o cúmulo do pessimismo, um pessimismo made in século XX.

Aí vão algumas, como exemplo: "ambulatório de enfermidades, asilo de pensamentos, amiga de discórdias, chaga incurável, lenga-lenga depressiva, cajado de apoio, desonra do passado, desassossego do presente, encargo triste do futuro, vizinha da morte".

O autor exagerou um pouquinho, não acha? Parece mais um anúncio de escritório "Pró-eutanásia". Não constituirá maioria os que assim concebem a idade provecta? Pergunte aos seus vizinhos qual é a opinião deles.

Talvez não sejam apenas os seus vizinhos que pensem deste modo. Pululam pelas ruas e pelos bares anciãos contagiados por igual pessimismo.

Sim, estou me referindo a idosos que passam os seus dias consumidos de tristeza, sentados em algum banco de parque, ou de praça pública, com a sua bengala na mão, sem fazer nada, terrivelmente solitários.

Ou desses que consomem seus últimos anos jogando dominó, ou qualquer jogo como o de palitos ou de cartas. Não será a "gripe" do pessimismo a causa de inúmeras enfermidades, achaques e rugas interiores? Seria preciso inventar um "pessimismômetro". E receitar a esses velhinhos uma boa dose de otimismo.

Nossa sociedade pregou na jaqueta deles, ou no seu pullover, uma etiqueta: "fora de moda, inútil, não serve pra nada".

Às vezes não nos conformamos com isso e os despachamos para um asilo, para que não perturbem nem nos molestem mais. "São um fastio", diria o elegante de plantão.

Talvez nos tenhamos esquecido de que Goethe terminou seu segundo "Fausto" aos oitenta e três anos de idade; de que Verdi compôs o seu "Te Deum" aos oitenta e cinco anos; de que Tiziano pintou a "Batalha de Lepanto" aos noventa e cinco; de que o ficcionista Juan Rulfo escreveu sua obra-prima, "Pedro Páramo", aos setenta anos, de que dom Pepe, Jacinto e Ramón e ... tantos outros exemplos.

Aplique umas gotinhas de otimismo às suas considerações sobre a velhice e vai ver que maravilha representa cada ancião e cada anciã para a humanidade.

Até agora você vinha passando ao longe e ao largo deles, sem lhes prestar atenção, sem valorizar a carreata de traços dignos de admiração, gratidão e aplauso que os acompanha no ocaso da vida.

Fixe sua atenção nesses traços, ao menos por uns momentos.

A experiência de vida os enriqueceu, a muitos deles, de sabedoria, de bom senso e de profundidade em seus juízos de valor.

Com o passar dos anos eles se converteram em modelos de fidelidade ao amor, para tantos e tantos matrimônios destruídos ou a ponto de sucumbirem.

O tempo lhes ensinou a não dar tanta importância ao fugaz e passageiro, e a pensar mais na eternidade, na alma, em Deus.

Como assinalou Cabodevilla no seu livro "32 de dezembro": "Há uma porção de coisas muito apreciadas, às quais o tempo acrescenta valor: a prata, os violinos, o couro, as pipas, a madeira, o tabaco, os barris, a amizade".

E a vida do ser humano?

Não nos teríamos equivocado ao despachá-los para um asilo, ao repetirmos uma e outra vez: São "um saco"?










sábado, 20 de outubro de 2012

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Idoso ou Velho


Idoso é quem tem privilégio de viver a longa vida...
Velho é quem perdeu a jovialidade.
A idade causa a degenerescência das células...
A velhice causa a degenerescência do espírito.
Você é idoso quando sonha...
Você é velho quando apenas dorme.
Você é idoso quando ainda aprende...
Você é velho quando já nem ensina.
Você é idoso quando se exercita...
Você é velho quando somente descansa.
Você é idoso quando tem planos...
Você é velho quando só tem saudades.
Você é idoso quando curte o que lhe resta da vida...
Você é velho quando, sofre o que o aproxima da morte.
Você é idoso quando indaga se vale a pena...
Você é velho quando sem pensar, responde que não.
Você é idoso quando ainda sente amor...
Você é velho quando não sente mais do que ciúmes e possessividade.
Para o idoso a vida se renova a cada dia que começa...
Para o velho a vida se acaba a cada noite que termina.
Para o idoso o dia de hoje é o primeiro do resto de sua vida...
Para o velho todos os dias parecem o último da longa jornada.
Para o idoso o calendário está repleto de amanhãs...
Para o velho o calendário só tem ontens.
Enquanto o idoso leva uma vida ativa, plena de projetos e preenche esperanças,
O velho vive horas que se arrastam, destituídas de sentido.
Enquanto o idoso tem os olhos postos no horizonte de onde o sol desponta,
O velho tem a sua miopia voltada para as sombras do passado.
Enquanto as rugas do idoso são bonitas porque foram sulcadas pelo sorriso,
As rugas do velho são feias porque foram vincadas pela amargura.
Enquanto o rosto do idoso se ilumina de esperança.,
O rosto do velho se apaga de desânimo.
Idoso ou velho podem ter a mesma idade cronológica, mas têm idades diferentes no coração!


(Extraído do Livro "Aprenda a Curtir Seus Anos Dourados", de Jorge R. Nascimento). 





sábado, 6 de outubro de 2012

Velhice...


 A vida, para desenvolver-se, exige energia.
 O envelhecimento, resultado do desgaste energético, é fenômeno natural. Irreversível, a idade conquista espaço no organismo humano, combalindo-lhe as forças e conduzindo-o à desencarnação.
 Apesar da importância de serem preservados a juventude interior, o entusiasmo pela vida, as ocasiões de prosseguir servindo e iluminando-se, isto não descarta o fenômeno de velhice.
 Cada minuto que passa, adiciona consumo à máquina orgânica impondo-te sisudez, maturidade, consciência responsável.
 A velhice é quadra abençoada da existência planetária, que nem todos têm oportunidade de alcançar.    Repositório de experiências, é campo de sabedoria a serviço da vida. Respirando e agindo, estás envelhecendo.   Pensa nisso. Vive, desse modo, programando a tua terceira idade, jovialmente, a fim de não seres colhido pela amargura e o dissabor, quando as forças se te apresentarem diminuídas, portanto, em decadência.
 O pior da velhice é a forma refratária com que muitos a consideram, ingratamente.

Espírito: Joanna de Ângelis.
Médium: Divaldo Pereira Franco
Livro: Episódios Diários capítulo 47.

 Sônia Cidreira - Cantinho da Maturidade - Facebook



domingo, 30 de setembro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Assine a petição, por favor!




A amiga Katia Santos criará uma ONG que tratará sobre os cuidados e assistência aos idosos e por isso criou uma petição para dar inicio aos trabalhos.

"Amemos até o fim a quem nos gerou. Vamos permitir que eles terminem seus dias com alegria,com o prazer de desfrutar dos bens que eles trabalharam para que nós desfrutemos hoje. Vamos dar amor, carinho e respeito aos nossos velhinhos. Vamos sair do individualismo preconceituoso e vamos aquecer nossos corações com amor e dedicação aos idosos."

Solicito a sua colaboração assinando a petição:


Assinar a petição é muito rápido e fácil, mas os efeitos dela serão duradouros e despertarão a compaixão com os idosos.


Grata pela sua colaboração! 


APOIO:






segunda-feira, 17 de setembro de 2012

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A doença de Alzheimer


A doença de Alzheimer (Alois Alzheimer, neurologista alemão que primeiro descreveu essa patologia) provoca progressiva e inexorável deterioração das funções cerebrais, como perda de memória, da linguagem, da razão e da habilidade de cuidar de si próprio.

Cerca de 10% das pessoas com mais de 65 anos e 25% com mais de 85 anos podem apresentar algum sintoma dessa enfermidade e são inúmeros os casos que evoluem para demência. Feito o diagnóstico, o tempo médio de sobrevida varia de 8 a 10 anos.

Causas

Não se conhece a causa específica da doença de Alzheimer. Parece haver certa predisposição genética para seu aparecimento. Nesses casos, ela pode desenvolver-se precocemente, por volta dos 50 anos.

Pesquisadores levantam a hipótese de que algum vírus e a deficiência de certas enzimas e proteínas estejam envolvidos na etiologia da doença. Outros especulam que a exposição ao alumínio e seu depósito no cérebro possam contribuir para a instalação do quadro, mas não foi estabelecida nenhuma relação segura de causa e efeito a respeito disso.

Sintomas

* Estágio I (forma inicial) – alterações na memória, personalidade e habilidades espaciais e visuais;

* Estágio II (forma moderada) – dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos; agitação e insônia;

* Estágio III ( forma grave) – resistência à execução de tarefas diárias, incontinência urinária e fecal, dificuldade para comer, deficiência motora progressiva;

* Estágio IV (terminal) – restrição ao leito, mutismo, dor à deglutição, infecções intercorrentes.

Diagnóstico

Não há um teste diagnóstico definitivo para a doença de Alzheimer. A doença só pode ser realmente diagnosticada na autopsia. Médicos baseiam o diagnóstico no levantamento minucioso do histórico pessoal e familiar, em testes psicológicos e por exclusão de outros tipos de doenças mentais. Mesmo assim, estima-se que o diagnóstico possa estar equivocado em 10% dos casos.

Tratamento

Até o momento, a doença permanece sem cura. O objetivo do tratamento é minorar os sintomas. Atualmente, estão sendo desenvolvidos medicamentos que, embora em fase experimental, sugerem a possibilidade de controlar a doença.

Recomendações

Cuidar de doentes de Alzheimer é desgastante. Procurar ajuda com familiares e/ou profissionais pode ser uma medida absolutamente necessária.

Algumas medidas podem facilitar a vida dos doentes e de quem cuida deles:

* Fazer o portador de Alzheimer usar uma pulseira, colar ou outro adereço qualquer com dados de identificação (nome, endereço, telefone, etc.) e as palavras “Memória Prejudicada”, porque um dos primeiros sintomas é o paciente perder a noção do lugar onde se encontra;

* Estabelecer uma rotina diária e ajudar o doente a cumpri-la. Espalhar lembretes pela casa (apague a luz, feche a torneira, desligue a TV, etc.) pode ajudá-lo bastante;

* Simplificar a rotina do dia-a-dia de tal maneira que o paciente possa continuar envolvido com ela;

* Encorajar a pessoa a vestir-se, comer, ir ao banheiro, tomar banho por sua própria conta. Quando não consegue mais tomar banho sozinha, por exemplo, pode ainda atender a orientações simples como: “Tire os sapatos. Tire a camisa, as calças. Agora entre no chuveiro”;

* Limitar suas opções de escolha. Em vez de oferecer vários sabores de sorvete, ofereça apenas dois tipos;

* Certificar-se de que o doente está recebendo uma dieta balanceada e praticando atividades físicas de acordo com suas possibilidades;

* Eliminar o álcool e o cigarro, pois agravam o desgaste mental;

* Estimular o convívio familiar e social do doente;

* Reorganizar a casa afastando objetos e situações que possam representar perigo. Tenha o mesmo cuidado com o paciente de Alzheimer que você tem com crianças;

* Conscientizar-se da evolução progressiva da doença. Habilidades perdidas jamais serão recuperadas;

* Providenciar ajuda profissional e/ou familiar e/ou de amigos, quando o trabalho com o paciente estiver sobrecarregando quem cuida dele.

Daqui.



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Mercado promissor na terceira idade


Por Denise Juliani (O Estadão)

Já pensou em investir no mercado da terceira idade? Segundo dados do IBGE, o Brasil tem hoje 15 milhões de pessoas maiores de 60 anos, o que corresponde a 14% da população adulta. Outra pesquisa, feita pela consultoria Quorum Brasil, conclui que essas pessoas têm em torno de R$ 2,4 bilhões de renda própria e cada vez mais influenciam diretamente as decisões de compra da família. A projeção é de que em 2020 existam mais de 30 milhões de brasileiros nesse grupo.
Se você tem espírito empreendedor já percebeu que o segmento não pode ser ignorado. Ao contrário, tende a crescer com o aumento da renda e da expectativa de vida dos brasileiros (que hoje é de 72 anos, ganho de 17 anos em relação a 1960).
O professor da Universidade Mackenzie e especialista em estratégias empresariais, Marcos Morita, cita alguns exemplos de oportunidades de negócio interessantes para esse grupo: pacotes turísticos e cruzeiros em baixa temporada, cursos e faculdades da terceira idade, cartões de desconto em farmácias e drogarias.
“Outro bom exemplo do potencial desses consumidores é o campo tecnológico”, observa. Muitos idosos não tiveram acesso à tecnologia enquanto estavam no mercado de trabalho, nem por isso deixam de apreciar as atrações da vida moderna, trazidas por filhos e netos.
“Computadores com programas mais simples, celulares com dígitos maiores, porta-remédios que avisem a hora de tomá-los, fechaduras que se abrem utilizando impressões digitais, carros com mostradores mais fáceis de enxergar e tantas outras adequações a este público já estão nos planos de diversos fabricantes mundiais”, diz.
Mesmo para as pessoas que não pensam em criar um negócio próprio, a constatação de que esse é um mercado em franco crescimento é um fator a ser considerado na escolha profissional, para começar ou mesmo redirecionar a carreira. Não é à toa que as atividades voltadas para a terceira idade estão entre as profissões do futuro, apontadas em estudo da Delphi Profuturo no ano passado.
As relacionadas à qualidade de vida e à saúde são as mais óbvias, mas novidades vêm por aí, como a orientação financeira para ajudar na preparação da aposentadoria e o aconselhamento de carreira para pessoas às vésperas de se aposentar. É que, com o aumento da expectativa de vida, a tendência é os mais velhos assumirem outras atividades após deixarem o emprego formal, nas quais toda a experiência acumulada ao longo da carreira principal poderá ser passada às novas gerações.
Entre as possibilidades estão consultoria, coaching, lecionar em universidades, voluntariado e até mesmo abrir um negócio. Fica a dica também para quem está se aproximando da “barreira” dos 60. São pelo menos 40 anos de experiência profissional que não podem ser desprezados e, sim, aproveitados em novas funções, com menos pressão e mais satisfação.

Daqui.



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

De repente 60 (ou 2 x 30)

De forma despretensiosa, inscrevi um texto no concurso Premios Longevidade Bradesco Histórias de Vida.

Estou chegando de São Paulo, onde fui participar da premiação.
Mandaram um motorista me buscar e me trazer e fiquei num super-hotel nos Jardins, acompanhada de meu príncipe consorte rsrsrssr.
Entre quase 200 concorrentes, conquistei o 3º lugar, com direito a troféu e diploma.
Mas, sinto como se tivesse recebido o Oscar, pois os primeiros colocados foram jovens que trabalharam por alguns anos para escrever histórias que mereciam ser contadas.

Meu texto foi o único produzido pela própria protagonista.

O tema central era o relacionamento inter-geracional.
Quase caí da cadeira quando Nicete Bruno, jurada especial me perguntou: "Você é a Regina? Queria muito conhecê-la. Adorei seu texto!!"
Tive, ainda, o privilégio de ser fotografada ao lado da convidada especial, Shirley MacLaine. É muita emoção, que gostaria de compartilhar com vocês.


DE REPENTE 60 (ou 2x30)

Ao completar sessenta anos, lembrei do filme “De repente 30”, em que a adolescente, em seu aniversário, ansiosa por chegar logo à idade adulta, formula um desejo e se vê repentinamente com trinta anos, sem saber o que aconteceu nesse intervalo. Meu sentimento é semelhante ao dela: perplexidade. Pergunto a mim mesma: onde foram parar todos esses anos?

Ainda sou aquela menina assustada que entrou pela primeira vez na escola, aquela filha desesperada pela perda precoce da mãe; ainda sou aquela professorinha ingênua que enfrentou sua primeira turma, aquela virgem sonhadora que entrou na igreja, vestida de branco, para um casamento que durou tão pouco!Ainda sou aquela mãe aflita com a primeira febre do filho que hoje tem mais de trinta anos. Acho que é por isso que engordei, para caber tanta gente, é preciso espaço! Passei batido pela tal crise dos trinta, pois estava ocupada demais lutando pela sobrevivência.

Os quarenta foram festejados com um baile, enquanto eu ansiava pela aposentadoria na carreira do magistério, que aconteceu quatro anos depois.

Os cinquenta me encontraram construindo uma nova vida, numa nova cidade, num novo posto de trabalho.

Agora, aos sessenta, me pergunto onde está a velhinha que eu esperava ser nesta idade e onde se escondeu a jovem que me olhava do espelho todas as manhãs.

Tive o privilégio de viver uma época de profundas e rápidas transformações em todas as áreas: de Elvis Presley e Sinatra a Michael Jackson, de Beatles e Rolling Stones a Madonna, de Chico e Caetano a Cazuza e Ana Carolina; dos anos de chumbo da ditadura militar às passeatas pelas diretas e empeachment do presidente a um novo país misto de decepções e esperanças; da invenção da pílula e liberação sexual ao bebê de proveta e o pesadelo da AIDS.
Testemunhei a conquista dos cinco títulos mundiais do futebol brasileiro (e alguns vexames históricos). Nasci no ano em que a televisão chegou ao Brasil, mas minha família só conseguiu comprar um aparelho usado dez anos depois e, por meio de suas transmissões, vi a chegada do homem à lua, a queda do muro de Berlim e algumas guerras modernas. Passei por três reformas ortográficas e tive de aprender a nova linguagem do computador e da internet.
Aprendi tanto que foi por meio desta que conheci, aos cinquenta e dois anos, meu companheiro, com quem tenho, desde então, compartilhado as aventuras do viver.

Não me sinto diferente do que era há alguns anos, continuo tendo sonhos, projetos, faço minhas caminhadas matinais com meu cachorro Kaká, pratico ioga, me alimento e durmo bem (apesar das constantes visitas noturnas ao banheiro), gosto de cinema, música, leio muito, viajo para os lugares que um dia sonhei conhecer.

Por dois anos não exerci qualquer atividade profissional, mas voltei a orientar trabalhos acadêmicos e a ministrar algumas disciplinas em turmas de pós-graduação, o que me fez rejuvenescer em contato com os alunos, que têm se beneficiado de minha experiência e com quem tenho aprendido muito mais que ensinado. Só agora comecei a precisar de óculos para perto (para longe eu uso há muitos anos) e não tinjo os cabelos, pois os brancos são tão poucos que nem se percebe (privilégio que herdei de meu pai, que só começou a ficar grisalho após os setenta anos).

Há marcas do tempo, claro, e não somente rugas e os quilos a mais, mas também cicatrizes, testemunhas de algumas aprendizagens: a do apêndice me traz recordações do aniversário de nove anos passado no hospital; a da cesárea marca minha iniciação como mãe e a mais recente, do câncer de mama (felizmente curado), me lembra diariamente que a vida nos traz surpresas nem sempre agradáveis e que não tenho tempo a perder.

A capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo diminuiu, lembro de coisas que aconteceram há mais de cinquenta anos e esqueço as panelas no fogo. Aliás, a memória (ou sua falta) merece um capítulo à parte: constantemente procuro determinada palavra ou quero lembrar o nome de alguém e começa a brincadeira de esconde-esconde. Tento fórmulas nemônicas, recito o alfabeto mentalmente e nada! De repente, quando a conversa já mudou de rumo ou o interlocutor já se foi, eis que surge o nome ou palavra, como que zombando de mim...

Mas, do que é que eu estava falando mesmo?

Ah, sim, dos meus sessenta.

Claro que existem vantagens: pagar meia-entrada (idosos, crianças e estudantes têm essa prerrogativa, talvez porque não são considerados pessoas inteiras), atendimento prioritário em filas exclusivas, sentar sem culpa nos bancos reservados do metrô e a TPM passou a significar “Tranquilidade Pós-Menopausa”.

Certamente o saldo é positivo, com muitas dúvidas e apenas uma certeza: tenho mais passado que futuro e vivo o presente intensamente, em minha nova condição de mulher muito sex... agenária!

Regina de Castro Pompeu (foto acima)




quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O tempo voa

Você também tem a sensação que o tempo passa em um piscar de olhos? Que se transformou, quase sem perceber, de uma criança avaliando o sorriso banguela em frente ao espelho a um adolescente preocupado com as espinhas e, em seguida, a um adulto espantado com os primeiros cabelos brancos? Testemunha íntima dessa história, o espelho é tema de um premiado curta-metragem francês que já passa das 300 mil visualizações no Vimeo.
Aguarde alguns segundos para carregar o vídeo, por favor!





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