Por Marcia Kedouk
A mãe do fotógrafo inglês Phillip Toledano morreu de repente, no dia 4 de setembro de 2006. O pai tinha 98 anos e sofria de perda de memória recente. Quando voltaram do enterro, ele perguntou: “Onde está minha esposa?” O filho respondeu que ela havia morrido. “Como?”, “Por que ninguém me levou ao funeral?” Depois de tudo explicado, ele voltou a perguntar: “Onde está minha esposa?” E assim foi a cada 15 minutos. Cansado de fazer sofrer o pai e a ele mesmo, Toledano começou a responder: “Ela viajou a Paris para cuidar do irmão doente”.
Foram três anos de convivência intensa até que o pai também partisse. Toledano registrou em fotos esses últimos momentos e as publicou no polêmico livro Dias com Meu Pai, que será lançado em agosto no Brasil pela Alles Trade. É uma obra que mostra o homem no qual o pai se transformou e as lembranças do homem que ele foi um dia: bonitão, ambicioso, forte.
Nossos pais não se tornam menos por estarem velhos ou doentes. Não viram rascunhos do que foram um dia. Estão apenas vivendo o papel que lhes cabe nessa outra fase, aquela pela qual passaremos também. E se podemos cuidar de um bebê com amor e alegria, por que não cuidar igualmente felizes de quem nos deu a vida? Se guardamos boas lembranças de antigos amores, por que haveríamos de concentrar as recordações na doença e no sofrimento de quem, a seu modo às vezes certo, às vezes tortuoso, sempre quis que a doença e o sofrimento nunca nos atingisse.
LIVRO:
DIAS COM MEU PAI
Formato: Livro
Autor: TOLEDANO, PHILLIP
Editora: ALLES TRADE COMERCIO
DAQUI!
4 comentários:
O fato, Sônia, é que todos estão preparados para as coisas boas da VIDA - e mesmo assim reclamam - mas para os fatos não tão bons assim - como as perdas - ninguém se prepara e daí sofre-se sem medidas...
Eu encaro a MORTE de uma outra forma e nem por isso sou menos sensível do que muitas pessoas.
Afinal, eu acredito com toda minha FÉ que somos seres ETERNOS e que um dia todos nós nos encontraremos se for necessário.
Abraços
Soninha,a Malu tem razão!Nunca pensamos que coisas ruins possam acontecer a nossos pais,como se eles fossem eternos superherois!Mas a velhice chega para todos e hoje vejo meu pai com Alzeimer e me entristeço por ele!Um belo texto e amei!Bjs,
Lindo texto, Sônia! Da velhice e suas implicações agradáveis ou não, ninguém escapa.Abraços.
Infelizmente amiga eu perdi os meus cedo, papai com 55 e mamãe 61, mas assisti a doença de meus avós é realmente muito triste assistir a quem amamos sofrer, e independente da idade toda pessoa doente necessita de carinho, pois está muito vulnerável em seu emocional, infelizmente o que mais se vê aqui onde moro,cidade litorânea, são velhinhos abandonados, ou filhos que os aprisionam achando que eles não têm mais vontade própria, se esquecem que um dia irão envelhecer, gostei muito do texto obrigada por compartilhar, beijos Luconi
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